A dor da perda em Santa Teresa - ES

Seu Henrique, Dona Marluce, Dona Zuleide, nossos amigos e amados... não são números! São partes da gente!

3 de maio de 2021
atualizada em 22 de julho de 2021
Foto reprodução do Facebook
Foto reprodução do Facebook

A saudade apertando no peito, um adeus sem despedida, uma partida antecipada... famílias destroçadas, uma cidade de luto, um país devastado, um mundo diferente. 

Não sei se você, leitor, mas eu, de verdade, sofro pela partida de cada um, conhecido ou não. Porém, quando se trata de alguém que é referência na cidade, com quem convivíamos tantas vezes, é difícil evitar uma comoção ainda mais profunda. 

Seu Henrique era um homem dócil, de poucas palavras e sorriso constante. Eu não tinha intimidade com ele, mas o atendi inúmeras vezes no meu lugar de trabalho. Como não sofrer? Assim era com a Dona Marluce, impossível não notar sua presença na empresa. Ela sempre sorridente, falante e bonita. Também me relacionei com ela no grupo de Seresta. Estes são alguns exemplos de como a existência de todos fará falta nas nossas vidas e na cidade. Como não sofrer? 

Giovana, Seu Gilson, Batista... cada um dos que não sabemos os nomes e dos 52 que não conseguiríamos mencionar todos. Vidas que poderiam ainda estar entre nós, alegrando e sustentando suas famílias. 

Em contrapartida, lemos nas redes sociais sobre outros que enfrentaram dias difíceis com a gravidade da doença, contudo tiveram o privilégio de voltar para casa e para os seus. São momentos de alegria que nos trazem esperança e algum conforto. 

Tempos difíceis, em que não podemos sofrer demais para não perdermos a confiança e nem nos alegramos ao ponto de esquecer os frágeis e os que sofrem. Precisamos ter responsabilidade com nosso direito de ir e vir e cuidar da vida do outro, não como gostaríamos que cuidassem da nossa, porque muitos não ligam para suas próprias vidas. Precisamos cuidar da vida do outro, respeitando seus direitos, desejos e cumprindo nosso dever. Ter empatia, lembrando que os mais frágeis de saúde e vulneráveis dependem do nosso compromisso com uso de máscaras, limpeza das mãos, respeitar o distanciamento, não participar e denunciar aglomerações.

Lembro-me quando Santa Teresa - ES sofreu com algumas mortes por febre amarela. A cidade inteira sofreu. Vimos alguns amigos partirem precocemente. Todos da cidade corriam aos postos de vacinação para receberem a vacina e não tínhamos campanhas de negacionismo. O quê mudou? O governo ou o brasileiro? Estou angustiada pela incredulidade de alguns, negacionismo de outros e rebeldia de um grupo que não quer obedecer as regras da boa convivência. 

Podemos ser melhores, mais amorosos e responsáveis. Lembremo-nos dos que se foram com a reverência que merecem e vamos redobrar nossos cuidados para com o próximo que ainda está em nossa companhia! Todos nós merecemos viver mais! É preciso amor, humildade para compreender nossa dependência um dos outros, reconhecer que nossa natureza física é um presente que precisa ser guardado e cuidado, um dom que não é eterno e recebemos para usar da melhor maneira possível.

Podemos passar por tudo isso com um espírito solene, misericordioso e gratos por sobreviver. No final, alguns de nós sairão desta calamidade melhor do que eram antes. Tudo dependerá da nossa atitude no tempo de hoje!

imagem de
Carmem Barcellos
Comendadora Augusto Ruschi, técnica em Meio Ambiente, graduada em Administração com habilitação em Marketing, pós-graduanda em Gestão Pública, bancária, eterna aprendiz e artista por vocação
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