Pandemia, ou Pandemônio?
Dadas as características do comportamento desse vírus, a necessidade de estancar essa doença é urgente.
Há menos de um ano os jornais davam conta de uma média de mil mortes diárias no Brasil. Em poucos dias da virada do ano, vimos esse número crescer acentuadamente e os mortos deixaram de ser indivíduos e passamos a ouvir relatos da morte de quase famílias inteiras. O tempo é de reconhecer a gravidade e tomar providências radicais e eficientes.
No início de 2020, o mundo estava às voltas com o surgimento de mais um vírus desconhecido e altamente agressivo. Em janeiro de 2020 o vírus foi identificado e denominado SARS-CoV-2. Pouco tempo depois, no final de fevereiro de 2020, o primeiro caso do coronavírus foi notificado pelas autoridades sanitárias brasileiras e a primeira morte anunciada em 12 de março daquele ano.
Com a expansão das infecções em todo o mundo, a ciência se deparou com novo desafio para desenvolver vacinas capazes de controlar e deter o contágio qualificado como pandemia. Em um esforço mundial incrível, poucos meses depois, laboratórios farmacêuticos apresentaram ao mundo algumas vacinas capazes de deter a peste.
No Brasil, até o momento, já chegamos há quase de 300 mil mortes colocando o país na posição de segundo lugar no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos da América, onde veículos de imprensa noticiam diariamente sobre as ondas de infecções; mostram gráficos da evolução de mortes e contágio.
Dadas as características do comportamento desse vírus, a necessidade de estancar essa doença é urgente. O vírus tem um poder de mutação gênica muito grande e ao se replicar com velocidade muito rápida, caso nenhuma medida mais efetiva seja aplicada, algumas cepas virais advindas dessa condição natural, pode, inclusive, colocar em risco o programa de vacinação a tornando ineficaz e o vírus mais resistente e maior aptidão no contágio.
Na primeira onda do Brasil, o sistema de saúde de Manaus/AM entrou em colapso e em cadeia outros lugares sofreram com o esgotamento do sistema de saúde. Em meio a crise, muitos hospitais de campanha foram instalados para receberem os doentes.
Vários veículos anunciaram que o Brasil enfrentava a segunda onda de contágios e novamente o Amazonas sofreu forte contágio. Dada a velocidade e agressividade do vírus, uma nova cepa foi detectada com maior poder de infecção se espalhando por outros pontos do território nacional e países.
A situação calamitosa de Manaus dá sinais que irá se repetir em outros lugares. Alguns estados já estão com seus sistemas de saúde estrangulados; governadores e prefeitos estão tomando medidas mais restritivas para conter a circulação de pessoas e não permitir que doentes fiquem sem atendimento nos hospitais colapsados com enormes filas de esperas para UTI’s.
No Estado do Espírito Santo, já foi detectado contágio com as novas cepas e o Secretário de Saúde Nésio Fernandes cogita o surgimento de uma terceira onda associada aos períodos mais frios nos próximos meses.
Devemos nos preparar para possibilidade de a agressividade do vírus causar muito sofrimento e transtornos na vida dos capixabas. Contudo, temos exemplos mundiais positivos onde o contágio do vírus foi desacelerado com aplicação de restrições. Em contraste, temos as ações tímidas do governo federal brasileiro, de muitos governadores e prefeitos, que podem provocar ainda mais dano se nenhuma estratégia mais eficiente for promovida. Em muitas cidades o já combalido SUS não suporta outras doenças mais triviais que podem se tornar mortais por falta de tratamento adequado.
Lamentavelmente, muitas pessoas precisam dos meios de transportes coletivos para se locomoverem até aos seus postos de trabalho; muitas pessoas se aglomeram nas filas bancárias e em festas clandestinas. Se a população continuar se aglomerando somando-se as omissões governamentais e a campanha de vacinação sofrendo apagões, podemos possivelmente esperar a falta de leitos para diversos tratamentos. Se os poderes públicos não encontrarem uma solução para corrigir o que fora negligenciado até aqui, não haverá vagas suficientes para tratar contaminados que evoluírem para os quadros mais graves. Caso isso aconteça, o pior estará por vir.
A melhor solução ainda é ficar em casa e evitar a circulação desnecessária de pessoas; lavar as mãos várias vezes ao dia e utilizar máscara mesmo realizando o distanciamento entre as pessoas; não teremos vacina para todos num curto prazo e nem leitos para abrigar os casos mais graves. O que vemos hoje nos hospitais por todo o Brasil nos remetem aos cenários de guerra.