Produção orgânica, ou convencional?

Será que o consumo de produtos cultivados no sistema orgânico são melhores?

21 de março de 2021
atualizada em 22 de julho de 2021

Hoje, as informações chegam com tanta velocidade em nossos lares, que nos perdemos por vários caminhos virtuais e por vezes acabamos não dando foco ao que realmente nos interessa. Tenho comigo uma máxima do ditado secular: "Nós somos o que consumimos". Isso nem sempre é levado tão a sério, pois, o mundo moderno e as facilidades de acessar os alimentos estão muito rápidas. Bastando apenas um click, compramos sem analisar o que exatamente está adicionado ao produto principal daquilo que iremos consumir.

A grande questão é: será que tantas facilidades e praticidades são benéficas à nossa saúde? É lógico que isso depende da consciência do que a gente busca para nossa saúde. Se nos preocuparmos com o preparo dos nossos alimentos e os ingredientes que neles serão incluídos, aí sim, será um ato consciente de escolher e decidir o que pedir e o que não pedir na hora de saciar aquela forme.

O mercado dos fast-foods tem inovado demais na forma de produzir e investido na logística de entrega, leva o consumidor a apertar um botão do automático e pensar somente no paladar e em saciar sua fome sem se apropriar do que estará ingerido.

Na maioria das vezes, entra nos lares uma alimentação de baixa qualidade nutricional e com contaminação por agrotóxicos. Isso é uma refeição, mas não é alimentação, podendo gerar danos irreparáveis à saúde no longo prazo. E um corpo mal nutrido fica vulnerável há várias doenças. Em tempos de pandemia, nunca se valorizou tanto uma boa imunidade. E boa imunidade requer boa alimentação.

No Brasil é raro a oferta de fast-food de alimentação saudável, principalmente aquela com procedência da agroecologia, ou da agricultura orgânica. Esta situação nos faz reféns e muitas vezes optamos pelo que está mais acessível: aquela alimentação convencional, a qual é produzida com o uso indiscriminado de agrotóxicos, àqueles mesmos cada vez mais liberados em nosso País.

Esta realidade é muito preocupante, porque já está devidamente comprovando pela ciência, que vários agrotóxicos liberados no Brasil têm relação com a incidência de câncer, conforme muito bem abordado pelo pesquisador Cesar Koppe Grisolia, autor do livro Agrotóxicos – Mutações, Câncer e Reprodução.

Não é tão simples comprovar a relação do agrotóxico com o câncer. Contudo, um grupo de pesquisadores inovou nas pesquisas. Para não expor as pessoas aos efeitos deletérios dos agrotóxicos, realizaram pesquisas com produtores rurais que aplicavam em suas lavouras um dos mais famosos agrotóxicos do momento: o glifosato. E outros produtores que não faziam uso do referido veneno. A partir daí foi constatado, que os produtores que usavam agrotóxicos demonstraram os efeitos perigosos da exposição ocupacional ao pesticida na saúde.

É muito importante que as pesquisas possam continuar, para consolidar cada vez mais o tema. É preciso confrontar a indústria do veneno, que sempre tenta conduzir a opinião pública tripudiando das pesquisas realizadas e dos efeitos maléficos dos agrotóxicos.

Para que possamos ter alimentos mais "limpos" em nossas mesas é importante estabelecer uma política séria e comprometida com a saúde humana. Precisamos estabelecer projetos viáveis para que a produção de orgânicos se torne mais acessível que a convencional. Sei que para alguns, pode parecer utopia, mas esta reversão é possível.

Podemos construir com verdadeiros programas de políticas públicas voltadas para o bem-estar humano, incentivando alternativas de produção sem pesticidas, valorizando os agricultores e consumidores. A médio e longo prazo, os benefícios serão notados na força física e menos utilização do sistema de saúde, além de ajudar na preservação ambiental do nosso planeta.

Vale a pena conversarmos mais sobre o assunto e buscarmos soluções para o bem-estar de todos!

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Angelina Balarine
Advogada especialista em Meio Ambiente e Mestre em Recursos Hídricos
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