Senadora Soraya e a ética feminina

Muito diferente dos outros governistas homens

25 de agosto de 2021
atualizada em 25 de agosto de 2021
Foto Senadora Soraya Thronicke
Foto Senadora Soraya Thronicke

Sem vaga formal no colegiado, as senadoras têm investigado, se revezado em questionar os depoentes nas audiências da CPI da Pandemia e vêm dando show de competência. Simone Tebet, Eliziane Gama, Leila Barros e Soraya Thronicke, Mara Gabrilli, Zenaide Maia, Kátia Abreu, são algumas senadoras da bancada feminina que participam. Umas se destacando mais, outras menos e, sem exceção, todas dando grande contribuição.

Esta visibilidade nos leva a importantes reflexões: mulheres são mais da metade da população brasileira, mas ocupam apenas 15,7% dos 70 mil cargos eletivos; a maioria das mulheres não entendem a importância do seu papel no processo político do país; e, não apoiam outras mulheres na disputa para ocupar as vagas nas casas públicas.

Veja como foi o resultado para senadoras em 2018: “A bancada feminina no Senado a partir de 2019 foi reduzida de 13 para 12 senadoras [de 81 vagas]. Dos 353 candidatos ao Senado nas eleições de 2018, 62 eram mulheres e, dessas, sete se elegeram. Em 20 estados, nenhuma mulher foi eleita e em três deles nem houve candidatas.” (Fonte: Agência Senado)
Algumas senadoras estão bastante ativas nos trabalhos da CPI e queremos destacar, dentre as mais participativas, a senadora Soraya Thronicke (PSL - MS). Ainda que ela seja, aparentemente, mais tímida, com um pouco menos desenvoltura para se expressar, está deixando sua marca positiva, um trabalho que dá orgulho para todos nós.

Nosso destaque para a Senadora Soraya, se deve ao fato de que mesmo sendo uma apoiadora do governo de Jair Bolsonaro ela mostra compromisso com a ética a cada sessão. Tem sido capaz de separar aquilo que é posicionamento pessoal, daquilo que é o seu trabalho como senadora representante dos interesses do povo e guardiã da constituição.

Muito diferente dos outros governistas homens, que nitidamente têm estado ali para provocar confusão, fazer questionamentos previamente combinados com intenção de favorecer os depoentes em apoio ao governo e desconsiderando o objetivo da CPI e suas obrigações em fiscalizar o executivo e defender os direitos daqueles que os elegeram. A Senadora Soraya nos faz crer que mulheres fazem muita falta nas decisões políticas deste país.

Precisamos entender que homens e mulheres não enxergam os fatos pelo mesmo ângulo. Analisam e tendem a agir de maneiras diferentes. E é justamente por estes motivos que deveríamos trabalhar juntos. O Brasil precisa de mais parlamentares femininas, com pelo menos 50% das cadeiras garantidas para elas, 50% para os homens e subdivididas, respectivamente, para cotas de classes representativas.

Por que mais mulheres? Mulheres são maioria neste país, muitas são mães e entendem o que que é preocupação com o outro, com a educação, preocupação com o emprego, com a saúde. Mulheres são menos suscetíveis a corrupção e mais empáticas. Para começar, as mulheres administram diversos setores da vida num único lugar, em suas casas, e estão cada vez mais inseridas no mercado de trabalho e têm formação qualificada. Enquanto donas de casa, enquanto mães, enquanto profissionais, elas têm uma sensibilidade e olhar diferente sobre a vida. Mulheres, definitivamente, têm muitas qualidades complementares às dos homens e merecem estar na política.

Não é o caso de estarmos desqualificando e desmerecendo os homens. Estamos destacando qualidades que somam e como isso é importante e faz falta para uma política mais eficiente. De modo geral, homens, numa sociedade e ambiente político machista como o nosso, tendem a menosprezar a participação, qualificação e competência das mulheres. Quando na verdade elas deveriam ser consideradas como complementares para juntos alcançarem uma visão mais apurada, percepção detalhada das coisas que os homens sozinhos não conseguiriam.

Homens, na maioria das vezes, têm uma visão mais concreta dos fatos. E por dominarem a política há muitas gerações, todo esquema das eleições está cheio de vícios e as mudanças que ansiamos ver são difíceis de acontecer se eles continuarem sendo a grande maioria. Por sua vez, as mulheres têm uma visão mais subjetiva, mais detalhista, são mais difíceis de corromper, são mais dedicadas a servir que serem servidas e por isso menos inclinadas ao autoritarismo.

As diferenças entre o comportamento, análise, decisões e reações diferenciadas entre homem e mulher vão muito além da forma de se criar numa sociedade machista. Outros fatores químicos e físicos influenciam e distinguem os comportamentos, atitudes, pensamentos, habilidades e sentimentos femininos dos masculinos. São diferenças anatômicas e Biológicas entre os cérebros e hormônios.

Sobre estas diferenças a neurociência tem se dedicado em descobrir as causas e tornar a convivência mais fácil. Inclusive, porque além das diferenças evidentes, partes do cérebro das mulheres são ativadas especialmente depois da maternidade. Para saber mais sobre o tema das diferenças não deixe de ler o artigo do Estadão 'Diferenças cerebrais entre homens e mulheres justificam habilidades e comportamentos distintos?'

Para política brasileira evoluir precisamos forçar uma mudança importante. Devemos nos mobilizar por uma nova visão e consciência dos três poderes, partidos, sociedade e dos eleitores. Incluir mais mulheres na concorrência e no debate político, de igual para igual, e isto é indispensável e urgente.

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Carmem Barcellos
Comendadora Augusto Ruschi, técnica em Meio Ambiente, graduada em Administração com habilitação em Marketing, pós-graduanda em Gestão Pública, bancária, eterna aprendiz e artista por vocação
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