Soco no estômago

O jeito como um presidente trata a imprensa fala muito sobre quem ele é

Moisés Corrêa
7 de novembro de 2021
atualizada em 10 de novembro de 2021

O papel da imprensa é exatamente o de questionar, arguir, provocar, desconfiar, apurar os fatos pra saber se o governo é realmente fiel ou não. O bom jornalismo investigativo é uma ferramenta de fiscalização que combate a injustiça e protege a democracia sem custar ao contribuinte.

Os que não gostam de lidar com o contraditório têm postura autoritária, acreditam que quem questiona, ou crítica, é inimigo. Neste ponto, a humildade dá uma grande lição a arrogância: “calado, até um louco pode ser confundido com sábio, mas o tolo tem pressa em lacrar e atacar”.

O segurança que agrediu o repórter no episódio do presidente na Itália, muito provavelmente, agiu provocado, direta ou indiretamente, pelo discurso agressivo do mandatário brasileiro. “De quem foi a culpa?” Está pergunta já não está órfã de resposta. É óbvio que todos que cercam o presidente brasileiro são contaminados pelo “politicamente errado". Não toleram terem sua maldade exposta.

Infelizmente, haverá apoiadores do presidente que sentirão prazer sarcástico em ver uma pessoa ser agredida, só porque é um profissional da Globo. Uns externarão isso, outros não. E é assustador ver gente perdendo a noção da civilidade e o amor à vida.

É incontestável que esta onda de ódio e violência precisa ser contida. E esta onda tem nome, sobrenome e endereço. Por isso não há desculpas para não se fazer justiça. Mas o que vemos são nossas instituições paralisadas e reféns desses discursos inflamados sem agir com o rigor necessário. Os responsáveis por isso precisam ser punidos exemplarmente. A começar por quem deve ser o exemplo: o Excelentíssimo Senhor Presidente da República Federativa do Brasil. Se não for assim, a onda poderá se transformar rapidamente num tsunami. 

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