Uma economia de valoração da especulação em detrimento da produção

A crise financeira assola brasileiros como uma variante "Delta Plus" sem vacinas, enquanto o céu é o limite para juros

10 de novembro de 2021
atualizada em 10 de novembro de 2021
Ilustração: banqueiros e rentistas contabilizando lucros x aposentados contando o que lhes resta após o desconto dos empréstimos
Ilustração: banqueiros e rentistas contabilizando lucros x aposentados contando o que lhes resta após o desconto dos empréstimos

Os ecos da ciranda financeira da taxa de juros no Brasil, batem à porta do brasileiro. Somente um Economês para dar explicações e desenhar gráficos para um povo que beira aos 70% que não sabem operações matemáticas simples. A explicação simples para os mais incultos, calha com o poema de Ferreira Gullar:

O preço do feijão não cabe no poema. O preço do arroz não cabe no poema. Não cabem no poema o gás a luz o telefone a sonegação do leite da carne do açúcar do pão. O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome sua vida fechada em arquivos. Como não cabe no poema o operário que esmerila seu dia de aço e carvão nas oficinas escuras — porque o poema, senhores, está fechado: “não há vagas”.

Por outro lado, a crise financeira que assola o Brasil, mais semelha a uma variante “Delta Plus do Coronavírus”, não há vacina por enquanto.

A nata da pirâmide dos 1% dos brasileiros que ganham fortunas, segue a lição do empresário húngaro-americano, George Soros. O homem que quebrou o Banco da Inglaterra devido a sua venda a descoberta de 10 bilhões de dólares, o que lhe rendeu um lucro de 1 bilhão de dólares durante a crise do Reino Unido na chamada “Quarta-Feira Negra" em 1992.

Resultado dessa corrida a bolsa de valores em detrimento da produção, está estampada nos Jornais: “Inflação no Brasil deve fechar ano maior que a de 83% dos países”. Motivo: desvalorização do real frente ao dólar devido à crise institucional e às incertezas fiscais. (Relatório do FMI).

Nesse clima de instabilidade há quem esteja festejando. São os conhecidos “Alfavilles”! O maior lucro foi o do Bradesco (R$ 6,15 bilhões), seguido pelo Itaú Unibanco (R$ 5,4 bilhões), Banco do Brasil (R$ 4,2 bilhões) e Santander (R$ 2,8 bilhões). Em contrapartida, os “Alfavellas”, submissos ao poder econômico, reúnem pagamento de baixos salários, redução das políticas sociais, cobrança de juros altos e o sistema de dividendos.

Trocando em miúdos: Os 42 bilionários brasileiros aumentaram suas fortunas em R$ 180 bilhões em quatro meses na pandemia. Cento e oitenta bilhões de reais são seis anos de Bolsa Família! Essa é a realidade!

Pergunta-se: De quem mais é a culpa? É risível, mas todos os meios de comunicação apresentam o problema com sendo das pessoas que se endividam porque não têm educação financeira e não sabem tomar crédito. Mas será mesmo? Ou aqui há um sistema de agiotagem que cobra juros ao mês na desinformação da população?

Essa segunda hipótese, não deixa dúvidas. Fazendo as contas, quem paga são donas de casa que fazem milagres no dia a dia; são pais de família que se viram nos “30” com um, dois ou até três empregos. São filhos que olham um futuro no fim de túnel sem luz.

Pontuando o assunto, para quem quiser ter uma ideia de toda está farra financeira, basta entra no site no Banco Central e verificar como estão tais taxas. Eis algumas:

Pessoa Física - Cartão de crédito parcelado:

Enquanto a DUFRIO CFI cobra 0, 10 % a.m. e 1,21 % a.a. , já o BANCO PAN cobra 13,88 % a.m. e 375,71 % a.a.

Crédito pessoal consignado privado:

O Banco do estado do PA S.A cobra 1,22 % a.m. e 15,59 % a.a., já o Banco Banestes S.A cobra 3,09 % a.m. e 33, 09 % a.a. Leia aqui!

Um sinal "vermelho ao consumidor"...

 

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Estêvão Zizzi
Advogado, pós-graduado em direto do Consumidor e autor de vários livros de direito. Trabalhou no Procon Estadual do Espírito Santo como Assessor Técnico, Chefe do Departamento Jurídico e Secretário Executivo. Fundador dos Procons de Guarapari e Vila Velha. Diretor Presidente do IDECON
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