COP 26 e nossa existência por "um fio de bigode"
“O tempo dirá, se Glasgow/21 deu resultado.” Quando o tempo responder negativamente a esta afirmação, será tarde demais para nossas atitudes
O planeta está doente e, como acontece com qualquer um de nós, uma febre que não abaixa é sinal de alerta para diagnóstico de uma doença mais grave. “Dipirona” não é opção para cura. Mascarar os sintomas com discursos e promessas para um futuro distante não trata a causa da enfermidade.
É... a temperatura do planeta está aumentando lentamente sem ceder com as promessas paliativas. Estamos num estado febril alarmante. Enquanto as propostas avançam em passos letárgicos, as devastações e crimes ambientais avançam na velocidade do estouro das boiadas.
Parece que nenhum apelo em favor da vida consegue inibir a importância dada ao fator desenvolvimento econômico. Até quando?
O tom dos cientistas não é mais de preocupação em apenas conter o aquecimento do corpo terrestre abaixo dos 2°C. Sem o cumprimento dos acordos passados, em poucos anos atingiremos esta marca destruidora. A grave expressão da vez na COP 26 foi a urgência de conscientização para salvar nossas vidas da EXTINÇÃO IMINENTE e voltarmos mais rapidamente aos níveis pré-industriais de aquecimento.
Qual líder tem se mostrado realmente disposto a impedir o aquecimento e, ao mesmo tempo, assumir prejuízos econômicos?
O ser humano ganancioso e egoísta parece não se dar conta da gravidade do momento que vivemos. Cegados pelas suas mais mesquinhas ambições, alguns líderes não se submetem às evidências, resistem a união global, não se mobilizam, não se comprometem, não estabelecem metas e planos factíveis dentro de suas gestões. Protelam as metas para o futuro e transferem a responsabilidade do cumprimento para seus sucessores no poder. Até quando?
A COP 26 soou, para mim, como um fracasso retumbante, visto que o mais importante era assinarmos compromissos maiores com garantias imediatas e estabelecimento de punições severas contra aqueles que não cumprissem o acordo. A balança pesou para o lado da procrastinação.
Sem a firmeza e segurança de caráter dos nossos antepassados, o grande desfecho do encontro em Glasgow pareceu mais um acordo aos moldes do “fio de bigode", porém sem o bigode. Como nos acordos não cumpridos de outras COPs e sem a segurança no cumprimento dos novos compromissos, líderes mundiais deixam nossa existência segura por apenas um fio de promessas.
Como acreditar num novo acordo, em tempos de “fake news” e “pós verdade", onde os protagonistas do mundo estão mais preocupados com um novo embate da ‘guerra fria’, sem dar a ênfase diária necessária para proteção de um planeta que fica rapidamente mais quente?
Como na parábola do sapo dentro da panela de água fria colocada em fogo brando, daqui a pouco não conseguiremos mais reverter nossa condição e salvar nossas vidas. “Sapos” mais expertos e endinheirados estão dando seus “pulos" para fora do planeta enquanto há tempo. Como podem preferir continuar a enriquecer, destruir nosso sistema, submetendo o resto de nós a escravidão e a morte num planeta moribundo? Será que os foguetes conseguirão levar para o espaço sideral toda a nossa civilização com nossos filhos e netos?
Não podemos ignorar a ciência! Precisamos ser fortes, racionais e encarar os fatos. A infantilidade e negação da dura realidade, não pode curar qualquer doença de um organismo vivo. "Tapar os olhos" não nos torna invisíveis, se é que você entende esta comparação com a atitude de crianças pequeninas ao sentirem medo. É preciso conscientização e reação de todos nós. Precisamos tomar os “medicamentos amargos” e lutar contra o que está nos matando.
Esqueçamos nossos lados políticos apenas nesta empreitada da preservação de nosso mundo! Somos todos partes de um corpo só. Somos partes uns dos outros neste grande sistema global. Quando um espinho inflama o dedinho do pé, todo o corpo sofre. E uma pequena infecção não tratada pode matar um gigante.
Não dá para assistirmos pacientes o resultado do tempo. “O tempo dirá, se a COP 26 deu resultado” (retirei esta afirmativa de uma manchete, mas, para mim, soa como perigosa incogna). Quando o tempo responder negativamente a esta afirmação, será tarde demais para nossas atitudes. Sem cobrarmos nossos líderes agora mesmo e sem fazermos rigorosamente a parte que nos corresponde neste processo de restauração, em breve não teremos mais condição de vida plena neste planeta. Lembrando aos crentes, que fé em Deus não nos exime da responsabilidade de salvar o mundo que ele criou e presenteou ao homem, lhe dando a incumbência de proteger, lavrar e cuidar.