A revolta da vacina
Hoje, conhecida como “Coleira no pescoço“
“Estamos trabalhando agora com a Anvisa, que quer fechar o espaço aéreo. De novo, porra! De novo vai começar esse negócio? Agora tem a Ômicron. Vai ter um montão de vírus pela frente. Um montão de variante pela frente. Peço a Deus que esteja errado. Mas temos que enfrentar”, disse o presidente Bolsonaro em 07/12 sobre a Anvisa.
A Anvisa nunca sugeriu fechar o espaço aéreo brasileiro. Em seguida, notas técnicas encaminhadas ao governo desde a semana passada, a agência tem defendido medidas de contenção para que o país possa se preparar melhor para enfrentar a nova variante.
E para completar a sinfonia, o presidente distorceu a proposta da Anvisa e chama passaporte da vacina de “coleira no pescoço”. Ele disse: “Por que o passaporte vacinal? Por que essa coleira no povo brasileiro?”, indagou em cerimônia no Planalto. Mais cedo, mentiu ao dizer que a Anvisa propôs fechar o espaço aéreo. Todo esse imbróglio nos fez relembrar a revolta da vacina ocorrida em 1904.
Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904, a cidade do Rio de Janeiro viveu o que a imprensa chamou de “a mais terrível das revoltas populares da República”. O cenário era desolador: bondes tombados, trilhos arrancados, calçamentos destruídos — tudo feito por uma massa de 3 000 revoltosos. A causa foi a lei que tornava obrigatória a vacina contra a varíola. E o personagem principal, o jovem médico sanitarista Oswaldo Cruz. Mesmo com toda essa ignorância, hoje, a varíola está extinta no mundo todo. E a Organização Mundial da Saúde, da ONU, discute a destruição dos últimos exemplares do vírus da doença, ainda mantidos em laboratórios dos Estados Unidos e da Rússia.
Enfim, basta aos governadores aplicarem o que determina a Anvisa e ponto final. O que não é crível e fechar os olhos para a realidade.