A “fragilidade” feminina é uma armadilha
Somos fortes e devemos ser cada dia mais fortes
A mulher forte deve estar em todos os lugares, deve apropriar-se de todos os saberes, deve buscar todos os conhecimentos, aprender todos os ofícios. Assim, a mulher forte deve estar na construção civil, deve estar na pavimentação das ruas e rodovias, na instalação de postes e fios, tubulações de água e esgoto, bem como na manutenção dessas instalações...
Devemos estar em todos os lugares ainda dominados por homens, devemos aprender a fazer o trabalho pesado e perigoso. Para tanto, precisamos fortalecer nossos músculos. As meninas merecem a oportunidade de desenvolver sua força física desde cedo. Isso é projeto de futuro para as mulheres e o esporte é necessário desde cedo.
Nasci em Ribeirão Preto (SP) em 25/01/1.955. Minha mãe e meu pai decidiram tentar a vida em São Paulo, por isso nos mudamos pra cidade em 1.960. Éramos cinco (mãe, pai e três crianças).
Nossa família era extremamente pobre. Depois de morarmos em casas alugadas, conseguimos construir um cômodo num terreno que minha mãe e meu pai haviam comprado no Mandaqui.
Aos poucos, a casa foi aumentando de tamanho, naquele estilo "faça você mesma e arque com as consequências". Mas, orgulhosamente, pudemos dizer "a casa é nossa!".
Fiz faculdade de música (Mozarteum) e faculdade de pedagogia (Campos Salles). Lecionei educação artística durante cerca de dois anos. Depois, resolvi me dedicar exclusivamente à carreira de cantora.
Cantei em bares e teatros de São Paulo de 1.979 a 1.985. Fui duas vezes para o Japão - de 1.985 a 1.987 e de 1.987 a 1.991. Lá, assim como aqui, cantei em bares e clubes, comprei equipamento de som e trouxe para o Brasil. Montei meu estúdio de gravação (TC Studio) com a ajuda do meu pai (que fez a marcenaria) e da minha mãe (que cuidava do café).
Ao trabalhar no estúdio como técnica, conheci várias pessoas - clientes compositoras e compositores. Foi uma experiência importante. Algumas das canções do meu cd são delas.
Só que, sem perceber, fui deixando de cantar. O estúdio ficava em casa e isso acaba sendo muito prático (ou cômodo) em relação ao trabalho. Mas, como o trabalho de técnica de estúdio não é a profissão dos meus sonhos, cheguei mais uma vez a um delicado momento de decisão: fazer o quê? lecionar, fechar o estúdio, cantar?...
É... nem sempre as circunstâncias são as mais favoráveis, mas sempre podemos buscar as respostas dentro de nós.
Por tudo isso que passei, percebi que a “fragilidade” feminina é uma armadilha. Somos fortes e devemos ser cada dia mais fortes para sermos livres e ampliar nossas escolhas. E sobre essa força, inclua força física. Obviamente, respeitando cada indivíduo em suas condições específicas.
Então, não deixe que te fragilizem, busque força dentro de você e cuide para que seu corpo também seja forte.
*Sobre a autora: Tereza Miguel é artista de São Paulo