Arte de pintora capixaba terá exposição no Louvre em Paris
Raquel Falk, que já morou em Santa Teresa, recebeu o convite após seu trabalho com pomeranos ganhar destaque. A artista agora busca ajuda para viajar até a França
Com forte ligação com as montanhas capixabas, incluindo Santa Teresa aonde já morou, a pintora Raquel Falk recebeu convite para expor suas obras no mais famoso espaço de arte do mundo: o museu do Louvre em Paris.
Para isto, Raquel precisa de ajuda para comprar passagem e custear estada na França.
Conheça um pouco da história de superação dessa artista capixaba e saiba como ajudá-la.
Família
Filha de mãe solteira e sem o justo reconhecimento paterno, Raquel Falk cresceu convivendo com a determinação de duas mulheres fundamentais em sua formação. Só conheceu seu pai recentemente, com quem mantém pouco contato. Indiferente a esta privação, foi criada por sua mãe, recebeu apoio da tia Celinda na adolescência e sempre contou com a marcante presença da avó materna.
De Lajinha de Pancas, interior do Espírito Santo, para o município da Serra, a família de Raquel aventurou-se em busca de uma melhor condição de vida. A avó era parteira do Projeto Rondon, produtora rural, costureira, e fabricava bolos para vender e ajudar no sustento da família. A mãe de Raquel herdou a personalidade firme da sua genitora e aprimorou-se na arte da costura.
Ao firmarem residência no município da Serra, conseguiram ampliar os negócios de fabricação de bolos e costura. E foi neste ambiente criativo e clientes da alta sociedade, chegou a bebê Raquel Falk na vida destas mulheres.
Mulheres, culinária, costura e família
Brincando em meio aos retalhos coloridos e tascando o dedo e saboreando glacês coloridos, nossa pequena Raquel cresceu se divertindo e compondo suas primeiras obras. Com pedacinhos de retalhos estampados e coloridos colados no papel, a menininha criava imagens da natureza e tudo que lhe vinha a cabeça. Com os glacês coloridos aprendeu sobre texturas e consistência. Este conhecimento seria extremamente útil para Raquel desenvolver habilidade e técnicas com a aquarela.
Força, criatividade e muita arte exalavam nesta pequena casa onde cresceu nossa artista.
Em Santa Teresa
A família herdou uma propriedade em Santa Teresa no Espírito Santo. Num ambiente de muita simplicidade no alto Caravaggio, Raquel passou os melhores momentos da sua vida nas férias escolares. Depois disso, nossa doce menininha, já uma pré-adolescente, foi morar na cidade com uma de suas tias para fugir dos abusos de seu padrasto. E foi a tia Celinda quem financiou parte de seus estudos na ESFA. E só em 1998 Raquel voltou a morar com a mãe no município da Serra.
Por volta do ano 2007 retornou casada para Santa Teresa, numa tentativa de salvar seu matrimônio em crise naquele momento. Na ocasião, Raquel trabalhou como tutora do curso de artes visuais no polo B da UFES no mesmo município.
“Santa Teresa sempre foi um lugar acolhedor. É como se eu fosse filha desta cidade. Embora meu sobrenome não seja italiano, eu me lembro muito bem, quando chegava na escola e alguns teresenses me perguntavam de qual família eu era e eu não era de família tradicional, mas eu me sentia parte daquelas pessoas, porque eu realmente me identificava com Santa Teresa."
Sonho pintar descendentes de italianos
"Meu sonho é desenvolver um trabalho na doce terra dos colibris pintando os camponeses descendentes de italianos em seu trabalho na roça, do mesmo modo que retratei os pomeranos de Santa Maria de Jetibá (ES) e, através deste trabalho, fui reconhecida e convidada para expor no Louvre.
O teresense foi ótimo comigo. Assim é, que eu tenho amigos na cidade até hoje: Marta Bologna; Marcus Leão; Ivone Sipolatti; Alexandre; Elisângela Lepaus; Alessandra Tomasi, entre tantos outros amigos dos quais me lembro, além dos alunos da escola Professor Ethevaldo Damázio e meus mentorados da UFES. Todos eles foram de extrema importância para mim.
Consegui levar meus alunos para São Paulo em uma viagem cultural enriquecedora. Foi muito gostoso poder desenvolver tantas atividades em Santa Teresa, mas meu filho mais velho desenvolveu diabetes e precisei voltar para Vitória onde ele poderia receber tratamento."
Determinação
Com o adoecimento do filho, Raquel voltou com a família para Vitória. Pesando 102 Kg sentiu a necessidade de melhor sua qualidade de vida. Desenvolveu uma rotina de corrida diária e pouco tempo depois, bem mais magra, foi capaz de competir nas 10 Milhas Garoto (Fabrica de chocolates tradicional em Vila Velha – ES).
É com esta determinação que Raquel trabalha em sua arte e cuida dos filhos, provendo o melhor que dá conta dentro das possibilidades de uma vida modesta.
Nossa artista investe fortemente na saúde dos filhos e dela mesma, na criação e venda de seus trabalhos.
A importância da fé e do acreditar
Raquel Falk é uma mulher de raiz e de fé. Com tantas dificuldades para enfrentar na vida, foi na fé que encontrou a coragem necessária para não desanimar e sucumbir. Hoje, os temas de fé se encontram muito presentes na sua obra, como um reflexo da gratidão ao sobrenatural.
Custear a viagem para o Louvre
Ao ser convidada para participar da exposição no Louvre, Raquel tinha apenas R$2,00 no bolso. Mas isso não a intimidou. Com a mesma garra das outras mulheres da família, está aproveitando as oportunidades que surgem para conseguir custear sua viagem para a França.
Raquel tem se esforçado muito na venda de sua arte e buscado toda ajuda que possa conseguir entre amigos e autoridades interessadas em ver uma artista do Brasil, e capixaba, ser projetada através de uma exposição no Louvre, o ícone da arte mundial.
Você, leitor, também pode encontrar uma maneira de ajudar este talento capixaba: comprando sua arte, compartilhando suas obras nas suas redes sociais, ou enviando alguma ajuda para custear sua estada na França e comprar sua passagem de ida e volta. Em reconhecimento a este talento incrível da RaquelFalk, todos nós podemos ajudar um pouco. Qualquer ajuda será bem vinda. Veja como comprar seus produtos, ou divulgar o Instagram da artista. Participe dos leilões virtuais que Raquel realiza na mesma rede.
O convite
“Em 23 de dezembro de 2019, o convite chegou no Instagram de Raquel. Uma empresa curadora do Rio de janeiro teve acesso a minha exposição em Santa Maria de Jetibá na inauguração da Casa Pomerana e os meus quadros chamaram muita atenção. Eu sempre fui muito boa em falar, em conversar, negociar e não me senti intimidada com o convite, apenas tive medo de ser um trote. Logo descobri que se tratava de uma empresa séria e o convite verdadeiro. Aceitei ao convite no ano seguinte e deste então tenho me empenhado para tornar possível minha ida para Paris."
A generosidade da artista recompensada
"Em agosto de 2019 fui convidada para dar um curso de formação de professores de artes em Santa Maria de Jetibá (ES). O convite veio por intermédio de uma das alunas mentorada por mim, em Santa Teresa, no curso de artes do Polo da UFES.
Esta aluna me disse que não teria dinheiro para me pagar, mas me ofereceu um motorista para ajudar. Eu respondi: “olha, tá ótimo. Eu não estou precisando receber, eu só quero que você me leve até aos pomeranos”. Eu queria poder estudar os pomeranos, queria muito poder fotografá-los e retratá-los em minhas pinturas. Eu queria muito fazer uma exposição de pomeranos. Então foi assim que meu trabalho realmente começou a ganhar peso.
Foi através deste trabalho que surgiu o convite para exposição no Louvre."
Não basta ser talentoso, a arte precisa contar uma história, tocar os corações
A partir das obras dos pomeranos no município de Santa Maria de Jetibá, Raquel ganhou respeito no meio artístico. Foi retratando um povo imigrante.com seus costumes e sua história no estado capixaba que a aquarelista tocou corações.
Outros projetos
Seus projetos não terminaram na pandemia, deram apenas uma pequena parada. Raquel quer retratar todos os povos imigrantes do Espírito Santo e os italianos de Santa Teresa estão na sua lista.
Raquel quer fotografar e pintar, não aqueles italianos com roupas típicas, ela quer ver os italianos e seus descendentes de verdade, lá no lugar onde eles estão trabalhando: da mulher fazendo a sua massa de macarrão, bordando, na enxada, as crianças correndo no campo, suas casas, os homens em suas plantações de uva, café, suas produções de vinho e tudo que possa registrar a história desse povo no estado.
Enfim, fazer alguma coisa que chame muita atenção para a importância destes camponeses imigrantes, sua cultura e seu trabalho como agricultores.
Motivação para criar mais e mais
“O que me motiva, me dá muita alegria e inspiração para o meu trabalho é olhar para pessoas tão simples, que colocam o “pão nosso de cada dia” em nossas mesas. Que dedicam seu amor no cultivo da terra. Então, eu tenho muito respeito, grande honra em retratar estas pessoas em minhas obras.
Quando comecei a postar meus trabalhos nas redes sociais sem me preocupar se eram bons ou ruins, quando perdi o medo de me expor, quando comecei a acreditar que eu estava fazendo uma coisa Importante, um registo histórico, eu fui visualizada e reconhecida pela empresa carioca, que entrou em contato comigo e me fez o convite para a exposição no Louvre, a maior referência mundial de arte."