Antes de 02 de outubro assista ao '22 de Julho'
Triste, revoltante e envolvente, uma história real na Netflix lança luz sobre o perigo do crescimento da extrema direita e de como seu discurso encontra eco entre pessoas ressentidas
Imperdível, este filme conta sobre o maior atentado terrorista ocorrido na Noruega no ano de 2011. O longa, 22 de Julho (22 July), é uma produção de 2018 da Netflix. Assista!
O trágico evento na Noruega de 2011 pode ser considerado como parte do ressurgir nazista no mundo moderno. O jovem extremista de direita, o norueguês Anders Behring Breivik, estava com 31 anos e era contrário à política de igualdade social do governo.
Quando cometeu seus crimes acreditava estar cumprindo uma nobre missão higienista. Matou 77 pessoas e deixou mais de 200 feridos em protesto contra o multiculturalismo em seu país. Uma bomba foi colocada na sede do governo em Oslo matando 8 pessoas e na ilha de Utoya Anders executou a tiros 69 jovens de um grupo que estava acampando.
Em sua defesa recente, o extremista afirmou ter sofrido à época uma reeducação, que mudou suas crenças e atitudes, o fazendo crer que outras pessoa com pensamentos diversos eram inimigos indesejáveis e dignos de morte.
“Eu sofri lavagem cerebral. A ordem era restabelecer o Terceiro Reich, e como fazer isso fica a cargo de cada soldado — disse, acrescentando que pretendia concorrer ao Parlamento e continuar sua luta pela supremacia branca por vias pacíficas.” (Fonte O Globo)
Ainda, segundo o jornal, os ataques de 2011 inspiraram outros atentados por todo mundo. O crime foi considerado o pior desde a Segunda Guerra na Noruega. Mas, mesmo assim o país se esforça para tratar Breivik como qualquer outro detento. E este é um dilema filosófico que fica explícito no filme.
O Globo ainda traz a declaração de um especialista sobre o caráter ideológico do assassino 11 anos depois dos crimes:
"— Ele não se tornou menos extremista do ponto de vista ideológico — disse o diretor do Centro de Pesquisa em Extremismo de Direita (C-REX) da Universidade de Oslo, Tore Bjørgo. — Ele agora se apresenta como um nacional-socialista e, embora diga que, no que lhe diz respeito, a luta armada é uma fase que pertence ao passado, ele não se distanciou de forma alguma da matança que cometeu, que ele considera totalmente legítima" afirmou.
O Brasil precisa estar atento ao que aconteceu na Noruega, pois o extremismo protofascista também prolifera por aqui. No próximo dia 2 de outubro, data da eleição para presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais, nossa grande preocupação deve ser não colocar no poder - ou afastar os que já estão lá - lideranças que fomentem comportamentos extremistas, notadamente os ligados a neonazistas e neofascistas. Até porque esse tipo de movimento, mais cedo ou mais tarde, sempre sai do controle das instituições. Não podemos permitir que nossa democracia sofra tal golpe. Veja o exemplo da invasão recente ao Capitólio nos EUA por extremistas insuflados pelo candidato derrotado à reeleição Donald Trump.
A história deixa claro que líderes carismáticos sem princípios éticos podem manipular a mente fraca de pessoas reprimidas, revoltadas e ressentidas. Esses líderes causam histeria em massa, ativando gatilhos do medo e usando técnicas como a do apito de cachorro para que as pessoas manipuláveis façam exatamente o que seus dominadores querem. Estes líderes travestem suas intenções com aparente santidade religiosa e conseguem que seus manipulados cometam os mais terríveis crimes como se estivessem fazendo um bem indispensável a humanidade.
Fanáticos de extrema-direita não conseguem enxergar a realidade e veem como inimigo qualquer um que pense com mente independente e não se curve às ordens de seus líderes. Inescrupulosos, estes líderes não têm qualquer problema em manipular as pessoas para cometerem crimes hediondos em seu favor para se perpetuarem no poder.
Assista aqui um trecho de reportagem sobre o caso.