População pode ajudar a registrar atropelamentos de animais silvestres no litoral da Serra
Basta fazer foto do bicho no trecho da ES 010 entre Jacaraípe e Nova Almeida e enviar para Whatsapp do projeto do Instituto Brasileiro de Fauna e Flora.
O objetivo é fazer registro do maior número possível de casos de animais nativos atropelados no trecho de 7 km da rodovia ES 010 entre Capuba, Jacaraípe, e Marbela, em Nova Almeida. Para isto, o projeto retomado pelo Instituto Brasileiro de Fauna e Flora (Ibraff) no último dia 28 de abril, conta com a ajuda da população.
É preciso ajudar na política de conservação das matas, brejos e do maior trecho urbano de restinga do ES, localizada neste ponto do litoral da Serra. Incluindo aí a instalação de sinalização e até túneis e pontes de fauna na rodovia estadual. A rodovia está sendo revitalizada no trecho entre Jacaraípe e Santa Cruz, conta o diretor do Ibraff, Claudiney Rocha.
Para contribuir com o monitoramento, basta tirar foto do bicho atropelado e mandar para o whatsapp (27) 99994-9438, informando sobre o local e data do registro. “Mas só pode ser neste trecho entre Capuba e Marbela, foco do projeto. Estamos registrando ocorrências com mamíferos, aves, répteis e anfíbios”, explica o ativista.
Segundo Claudiney, a escolha do trecho se deveu ao fato da rodovia ser vizinha da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa das Águas, reserva federal que abrange áreas marinhas e de praia entre os litorais de Serra, Fundão e Aracruz.
“À esquerda da rodovia (sentido Jacaraípe x Nova Almeida), existe essa restinga que é a maior em área urbana da Grande Vitória. Ela faz parte da APA. Mas à esquerda da rodovia não há unidade de conservação. E é um lugar com florestas e alagados preciosos, um corredor ecológico. Apesar da proximidade das áreas urbanas, ali há muitos animais silvestres, coisa que passa despercebido pela população em geral e até por pesquisadores. Essa rodovia acaba isolando a restinga, na orla, das matas e alagados do interior. Então, os bichos morrem atropelados ao tentar fazer a travessia. Até porque motoristas correm muito e há bastante movimento no trecho ”, explica Claudiney.
Túneis de fauna e placas de advertência
O ativista destaca que um dos objetivos do projeto é propor ao estado do EspíritoSanto, gestor da ES 010, que faça pontes e/ou túneis de fauna ao longo dos 7km do trecho, aproveitando o fato de haver obras de revilatização em curso na via. “Também vamos solicitar a instalação de placas alertando a presença desses animais. E pedir à Prefeitura que implante reserva ambiental onde há alagados e mata Atlântica no lado esquerdo (sentido Jacaraípe x Nova Almeida) da rodovia”, completa.
Claudinei acrescenta que os registros serão compartilhados com o Projeto Urubu, iniciativa de abrangência nacional, que usa um aplicativo para registrar mortes por atropelamento de animais silvestres em todo o Brasil. E também para o Intituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio), órgão responsável pela gestão da Apa Costa das Algas, no intuito de contribuir com a elaboração do Plano de Manejo da reserva.
Cachorro do mato, jaguatirica, veado, lagartos e macacos
Claudiney conta que o projeto foi iniciado em 2016. Mas teve que interrompê-lo, por falta de apoio, sendo retomado só agora. O ativista ressalta que está aberto a parcerias com empresas e órgãos interessados em ajudar.
“Desde de 2016, já avistamos vivos na região veado, macaco bugio, jaguatirica, esquilo. E atropelados, infelizmente, ouriço caixeiro, gambá, cachorro do mato, serpentes de várias espécies, macaco sagui, lagartos teiú e ameiva (calango), sagui e morcegos. Do dia 28 pra cá, quando retomos o projeto, já registramos três atropelamentos, incluindo o de um cachorro do mato. A gente pede que se a pessoa encontrar o animal atropelado, mas ainda vivo, que acione os órgãos de meio ambiente ou entre em contato com o número que disponibilizamos para o monitoramento colaborativo”, lembra o ambientalista.
Claudinei alerta a quem encontrar o bicho e tentar fazer a foto, ter muito cuidado para não se acidentar, pois se trata de uma rodovia de trânsito rápido e intenso.
Por fim, o ativista ressalta que quando encontrar os animais, se possível, retirar o corpo da pista de rolagem e jogar na vegetação às margens, para evitar mais atropelamentos. Pois quando um bicho morre, o corpo atrai os animais necrófagos, que são aqueles que se alimentam de animais mortos, como urubu, caracará, e outros. E esse bichos também acabam ficando expostos à novos atropelamentos ao comerem na pista.
Lermbrando que é proibido por lei levar para casa o corpo dos animais mortos. Mais informações sobre o projeto no instagram @ibraff.