Minha opinião sobre o caso João Paulo Gramelich

Muita gente percebeu tamanha omissão no caso da morte de João Paulo e eu também percebi

14 de maio de 2022
atualizada em 14 de maio de 2022
João Paulo Gramelich assassinado violentamente no dia 29 de abril em Santa Teresa ES. Foto reprodução de redes sociais.
João Paulo Gramelich assassinado violentamente no dia 29 de abril em Santa Teresa ES. Foto reprodução de redes sociais.

Será que alguém mais percebeu a frieza como muitos teresenses trataram a morte de João Paulo Gramelich?

João Paulo desapareceu no dia 29 de abril em Santa Teresa no Espírito Santo, quando saiu para comprar um salgadinho. Seu corpo foi encontrado no dia 5 de maio com sinais de tortura e várias facadas. Ele foi brutalmente assassinado.

Falta de ajuda e comentários preconceituosos

mas me disseram que ele estava envolvido com drogas", comentaram.

Bastou um comentário, como este acima, correr pela cidade para a maioria da nossa gente desconsiderar a gravidade do que poderia ter acontecido com João Paulo (15 anos) na tarde do dia 29 de abril.

O que diziam aqueles que conheciam João Paulo?

João Paulo era um menino doce com coração de criança”. Afirmou Fabiano

Um anjo lindo, uma criança, que tristeza profunda meu Deus”. Daiana

Era um menino bom". Fátima

A senhora Maria Aparecida, mãe de João Paulo, disse que o comportamento do filho nunca indicou que ele fizesse uso drogas e ele era um menino caseiro.

Vale enfatizar, que mesmo um usuário, não merecia tal destino e descaso.

Veja neste pequeno vídeo a criança que era o Keker.

Indignação

Como assim, Santa Teresa? Quantos meninos somem no teu seio a cada dia? Quantos precisarão sumir para que você reaja como comunidade? Será que qualquer um dos seus meninos pode ser considerado menos importante?

Compartilhei com várias pessoas a mensagem de desaparecimento do Keker, apelido pelo qual João Paulo era conhecido, e fiquei observando as redes sociais das nossas autoridades, escolas, páginas das instituições e não vi uma única menção sobre o desaparecimento dele. Será que isso é normal? Para mim, foi um desapontamento grande que só não superou minha preocupação com o desaparecimento de Keker.

Minha aflição e angústia não foram únicas, mas fomos poucos a “gritar". Cadê os demais? Vejam alguns comentários preocupados, que encontrei nas redes sobre o assunto:

O que esperar de um município que só oferece "festas" aos jovens e ignora o problema das drogas?” Publicou o Thiago.

"Porque as festas atraem os turistas e o dinheiro vem junto. Tudo em nome da ganância humana”. Replicou Regina

"Única coisa que pensam é agradar turista, festa para turista... Saúde, segurança, educação não importa. Preços totalmente abusivos... Vivemos em uma cidade onde que os moradores não podem desfrutar da própria cidade onde habitam. Quem vem de fora acha tudo lindo. Tudo maravilhoso. Mas não sabem realmente a realidade que vivemos. O dinheiro de quem vive no município não tem valor. Só do turismo tem.” Completou Wendy

O que aconteceu?

O que dizer da omissão da Polícia Militar que não atendeu ao pedido de socorro feito por moradores que ouviram os gritos de João Paulo? Será que conseguiriam salvar a vida dele? Quantos minutos levariam para chegar até o local?

Visto que houve uma ligação solicitando a Polícia Militar para um flagrante com gritos de socorro, por que depois de não terem atendido a notificação, não passaram para a Polícia Civil a informação que facilitaria encontrarem o corpo do menino? Será que não ficaram sabendo do sumisso do menino? Ou não investigaram de imediato?

A família de João Paulo sofreu uma semana inteira até que pudesse ter notícias do filho. Mais uma crueldade.

O silêncio

Alguns observaram a falta nas redes sociais de, ao menos, uma menção das nossas autoridades e instituições públicas divulgação do desaparecimento e nota de pesar. Não houve! Para que servem estas páginas? Para propaganda política?

Por que tanta frieza e falta de sensibilidade? Mas esta frieza não parou por aí. Procurei a família de João Paulo após seu desaparecimento e acompanhei suas necessidades. Para minha surpresa a família não foi atendida, não recebeu nenhuma visita dos nossos mandatários, nenhum telefonema ou suporte. Se o fizeram, acho que a família não soube.

Parque Temático Augusto Ruschi uma alternativa importante

Anayr Gramlich, prima de João Paulo e filha do senhor Aurélio Gramlich, doador da área onde deveria estar funcionando o Parque Temático Augusto Ruschi, comentou sobre a tragédia que abalou os Gramlich, ressaltando a importância do Parque para abrigar e educar nossos jovens:

É sempre os inocentes pagando pelo maus.. espero que as autoridades se sensibilizam e tomem providências cabíveis, como a devolução do Parque Ecológico para que as crianças e jovens, que estão vulneráveis, tenham um lugar mais seguro onde possam praticar esporte e fazer recreação com mais segurança e mais tranquilidade para os pais ☆☆☆Salvem o Parque Ecoturístico de Santa Teresa ☆☆☆☆☆

Elisabete, outra internauta, lembrou da importância da guarda Mirim e Daiana comentou:

... era a alegria da minha vida sair da escola e ir direto para a Guarda Mirim, só coisas boas aprendi com as oficinas que tinham lá.”

Finalizando minhas considerações 

O brutal assassinato de João Paulo não pode ser tratado como paisagem. Não é admissível que a população não esperneie, não cobre providências e não sofra amargamente pelo ocorrido. Como pode isso acontecer ao nosso lado e não haver uma comoção contra as omissões e descasos que culminaram nesta tragédia?

Se a dor do outro não comove algumas pessoas, ao menos, elas poderiam pensar que o próximo pode ser seu filho, neto ou irmão. Acho extremamente egoísta nos preocuparmos só com os nossos, mas se ao menos pensassem assim, seria uma esperança para mudarmos esta situação de abandono e vulnerabilidade na qual se encontram nossas criança e jovens. O traficante não escolhe entre pobres e ricos. Traficantes escolhem fazer mal entre crianças tímidas, ingênuas e vulneráveis.

Sinto muito pela frieza da população, mas mais ainda, eu sinto pela inércia daqueles que foram eleitos para cuidar e atender a população e não se mobilizaram pelo Keker e sua família. Acredito que quem não tem empatia não presta para servir!

Está passando da hora de nossa cidade se unir como comunidade e aplicar toda atenção no cuidado de nossos jovens e crianças. 

imagem de
Carmem Barcellos
Comendadora Augusto Ruschi, técnica em Meio Ambiente, graduada em Administração com habilitação em Marketing, pós-graduanda em Gestão Pública, bancária, eterna aprendiz e artista por vocação
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