Por que o Parque Temático Augusto Ruschi deve ser do povo teresense - Capítulo 2
Ganhos para a natureza
Quem vive em Santa Teresa, ou acompanha sua história, não tem como negar a imensa destruição ambiental ocorrida nos últimos anos. Destruição essa que ainda acontece em ritmo acelerado.
As regiões do Caravaggio e de Alto Santo Antônio, por exemplo, tiveram grandes áreas de matas suprimidas da noite para o dia, para darem lugar a loteamentos e outros empreendimentos comerciais.
Ao retirarmos isso que chamamos de “matas” estamos retirando, na verdade, centenas de árvores centenárias, que são morada de centenas de espécies de outros animais e plantas, tais como os macacos, beija-flores e outras aves maravilhosas como tucanos e arapongas, assim como as bromélias e orquídeas que fazem parte da paisagem e do imaginário do teresense.
A realidade de Santa Teresa está clara, cada dia teremos mais casas, prédios, loteamentos, carros, barulho e poluição e menos natureza. Essa substituição trouxe imensa perda de qualidade de vida em todas as cidades do Espírito Santo, do Brasil e do mundo. Mas o maior dos problemas vem a longo prazo. Sem as matas que permitem ao solo receber e infiltrar a água das chuvas, vão secando com o tempo os rios e nascentes.
Santa Teresa já vivia no limite da escassez hídrica antes desse boom imobiliário e agora, sem parte das suas matas, as próximas secas serão brutais e devastadoras, trazendo enormes desafios e sofrimento a seus moradores.
O Parque é, antes de mais nada, um refúgio para a VIDA! Para animais e plantas que perdem diariamente suas moradas para a especulação imobiliária, o parque serviria de abrigo seguro, para que parte da natureza possa existir e contribuir para os ciclos naturais, garantindo assim parte da água vital a nossa sobrevivência.
É preciso compreender que a única natureza que existirá em Santa Teresa no futuro será aquela que estará em uma área protegida, o restante, tombará pelo fogo, motosserra e pela ganância.
* Sobre o autor: Walter Có é consultor ambiental na empresa Econservation; professor de graduação e pos graduaçã da FAESA onde ministra as disciplinas ecologia, evolução, biogeografia, biologia da conservação, ecologia social, ecologia humana e fotografia da natureza. Walter é consultor, palestrante e instrutor em cursos de capacitação de professores na área de meio ambiente e educação ambiental pela SEDU e IEMA. É consultor instrutor em cursos de formação profissional na área ambiental para empresas como Petrobrás, Technip, Arcelor, Fíbria IBAMA e IEMA. Palestrante em eventos ligados ao meio ambiente, educação ambiental, tais como Feira do Verde, Semana do Meio Ambiente, entre outros. Autor do livro Gaia uma semente Educação ambiental interdisciplinar Edufes 2000.