Santa Teresa não tem mais nada a perder

“A capacidade de destruir do homem partiu do arco e flecha, chegou à bomba atômica e irá muito além dela. Mas a Natureza lhe cobrará tributos cada vez maiores, e se desejarmos continuar como elementos integrantes dessa mesma Natureza, a quem devemos uma grande parcela de nossa existência, façamos-lhe justiça, conservando-a” Augusto Ruschi

Despertar as pessoas e governos a respeito da necessidade de preservação do meio ambiente é a grande herança deixada para todos nós por Augusto Ruschi, que com suas pesquisas sobre beija-flores e suas ações para proteger a natureza ameaçada pelo homem, ajudou a projetar mundialmente o município de Santa Teresa, sua cidade natal, e também o Espírito Santo.

Augusto Ruschi nos deixou o exemplo de quem dá a vida pela vida. Enfrentou o governor Élcio Álvares, em plena ditadura militar, para salvar uma floresta centenária, que seria trocada, pela instalação de uma fábrica de palmito na Reserva Biológica de Santa Lúcia, em apenas um desses exemplos.

Lembrar da luta do nosso patrono da ecologia auxilia a desenvolver em nós uma consciência sobre a responsabilidade de manter o seu legado! Legado de respeito à natureza, da crítica às técnicas predatórias de produção agrícola, do questionamento ao modelo de desenvolvimento adotado por empresários, que só visam lucro. E da construção de um modelo cultural que articule educação ambiental, civismo e das consequências do alto grau de interferência humana sobre o planeta terra.

Outra forma de ver essa herança é sabermos que quando defendemos uma causa como “Salve o Parque Augusto Ruschi” não podemos ser taxados de “agitadores ecológicos” sem grande importância, ou de um lugarejo qualquer do Espírito Santo. Não! Somos herdeiros de Augusto Ruschi, Patrono da Ecologia, e devemos usufruir ao máximo essa herança recheada de ensinos e de bons exemplos.

Que beleza é poder, ainda hoje, conhecer, saber o nome, cultivar e contemplar uma orquídea.

Como botânico e ornitólogo, Ruschi catalogou centenas de espécies de plantas e animais, em especial orquídeas e beija-flores.

Quando contaminado por veneno de 'sapo dentrobatas', a opinião pública se mobilizou e, de uma hora para outra, todos queriam ajudar.

Agora é Santa Teresa que morre aos poucos vendo seus espaços naturais, novamente, sendo assediados por gente rasteira, venenosa!

Assim como o cacique Raoni, que encomendou o colhimento de uma raiz da selva chamada Atorokon para salvar a vida de Ruschi, podemos buscar em nossa natureza o desejo de apoiar sua luta, que é de todos nós. Pois já perdemos muito e as futuras gerações têm o direto de desfrutar dessa herança: “Salve o parque Augusto Ruschi”.