Opinião| Atiçador da violência política tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro

"Vamos metralhar a petralhada aqui do Acre, hein?", disse o Bolsonaro ainda na campanha para a presidencia em 2018. Pedido foi atendido no Paraná no último sábado (10).

12 de julho de 2022
atualizada em 12 de julho de 2022
O então candidato a presidente Bolsonaro empunha tripé de câmara emulanto ataque com metralhadora no Acre em 2018. Foto: Reprodução de vídeo
O então candidato a presidente Bolsonaro empunha tripé de câmara emulanto ataque com metralhadora no Acre em 2018. Foto: Reprodução de vídeo

Vamo fuzilar a petralhada aqui do Acre, hein”. (sic)

Foi a frase dita pelo então candidato a presidente Jair Bolsonaro durante comício na capital acreana Rio Branco em 1º de setembro de 2018. Foz do Iguaçu, Paraná, 10 julho de 2022: O policial federal penal bolsonarista Jorge José Guaranho invade festa de tesoureiro local do PT e guarda municipal Marcelo Aluizio de Arruda e o mata a tiros. O assassino, também, é baleado durante reação da própria vítima e agredido por outras pessoas depois.

A cena infernal é prelúdio do que pode estar por vir neste pleito de 2022. E se mais sangue for derramado, estará na conta de Bolsonaro. Não só por sua verborragia de estímulo à violência quando ainda era um deputado do baixo clero, mas pelo que seguiu dizendo – e fazendo – ao chegar à presidência.

Agressividade, paranóia e transferência de culpa fazem parte da retórica de Bolsonaro. Misoginia, racismo, anti-ativismo, anticulturalismo, também. Assim, ele amealhou seguidores que se sentiram representandos. Talvez a exceção seja a parcela da elite que o apoiou por conveniência financeira e/ou eleitoral, surfando na tsunami conservadora e de fake news ativada pelos Steve Bannons da vida através das onipresentes redes sociais.

É errado equiparar petistas a bolsonaristas, assim como Lula não pode ser comparado a Bolsonaro. A militância petista e seu maior líder jogam no campo da democracia. Cometeram e cometem erros? Sim. Outros partidos de esquerda, centro e direita, do espectro democrático pós 1985, também cometem.

Já Bolsonaro e seus seguidores minam a democracia. Subvertem regras e instituições. Tratam o PT e outros adversários como o mal a ser eliminado. Colocam até armas, simbólica e literalmente, nas mãos de cristãos. Contradição suprema. O ensinamento central de Jesus Cristo é o da convivência pacífica e solidária.

O governo Bolsonaro está sendo ruim para a maior parte da população. E para agravar veio a mais severa pandemia em um século, seguida de piora das mudanças climáticas e conflito no Leste Europeu, que complicam ainda mais a economia. Fome, inflação e pobreza voltaram a patamares semelhantes aos dos anos 1980 no Brasil.

Já no governo Lula, e mesmo em parte da gestão Dilma, a vida da maior parte dos brasileiros esteve melhor. Foi há poucos anos, está fresco na memória dos eleitores. É isso que coloca Lula à frente nas pesquisas e com chances de ganhar no 1º turno, uma vez que a 3ª via não tem. Claro que ainda há água pra correr por baixo da ponte.

Mas o cenário desfavorável à reeleição inflama ainda mais a personalidade belicista de Bolsonaro. Que já provou que para se manter no cargo e proteger sua enrolada prole, não vai pensar duas vezes em por fogo no circo. E a pólvora está esparramada entre seus fanáticos seguidores, agora mais bem armados do que nunca.

Por isso, mais adequado é dizer que a polarização é entre civilização e barbárie.

imagem de
Bruno Lyra
Jornalista especializado em coberturas ambientais e professor de geografia
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