Comunidade quer criação de parque esportivo em Barracão às margens do Santa Maria
Proposta é criar o Parque Areião com quadras de futebol de areia, volei e tenis, além de esportes náuticos. A ideia, também, é ajudar na recuperação do rio
Revitalizar e transformar em área de esporte e lazer um local, hoje impedido, que já foi ponto do encontro da comunidade de Barracão (São João de Petrópolis), no interior de Santa Teresa - ES. É o que propõe membros da comunidade local. Trata-se de uma pequena área de grande interesse social. E sendo assim, cabe as autoridades avaliarem e darem ao projeto a importância que exige tal propósito.
O teresense e ativista Ismael Paulo de Oliveira é um dos que está a frente da iniciativa. Ele defende a implantação do chamado Parque Areião, com a instalação de quadras de futebol, volei e tênis, todas de areia, sobre os sedimentos acumulados ao longo de décadas – e que hoje forma uma praia - na margem esquerda do Santa Maria do Rio Doce, que atravessa a localidade.
“Ali é uma área que foi usada tradicionalmente pela comunidade, para banho no rio, pesca, lavar roupa. Hoje está abandonada. E ainda foi indevidamente cercada, pois não é uma propriedade privada", frisa Ismael.
A ideia, acrescenta o ativista, é que seja retirado parte do capim e de leucenas – árvores exóticas – que cresceram sobre um trecho do banco de areia e, no espaço, sejam colocadas duas traves de futebol e duas hastes para vôlei, sendo essas últimas adpatáveis para o tênis.
“Barracão é uma comunidade sem área de lazer natural. E é um lugar onde ficam hospedados muitos adolescentes e jovens que estudam no IFES. Muitos desses estudantes, por falta do que fazer nas horas de folga, acabam se entregando ao alcool e à outras drogas. Queremos dar a eles e aos demais moradores da comunidade um lugar onde possam praticar esportes, gastar energia e curtir a natureza”, argumenta Ismael.
Recuperação do rio
Para Ismael, a criação do Parque Areião pode ajudar a recuperar a bacia do Santa Maria do Rio Doce degradada pelo intenso desmatamento das últimas décadas. “Vai dar visibilidade ao rio, que é lindo. Tem a barragem e as corredeiras perto. E o rio pode ser usado para navegação com caiaques e pequenos botes subindo até próximo à cachoeira do Rúdio, só precisa tirar um pouco de troncos e galhos caídos no leito. O ideal é que, também, fossem remanejadas uma fossa particular e um "penicão" que tem perto da ponte de Barracão”, acrescenta.
O ativista, que pedala, é atleta e trabalha pelo desenvolvimento do tenis de areia no litoral do ES, nasceu em Barracão. Atualmente, mora na Centro de Santa Teresa. Mas Ismael mantém laços com Barracão, onde tem parentes e amigos.
Esse é o caso de Itamar de Oliveira, ex- aluno do IFES e ex-morador de Barracão que, hoje, reside na sede de Santa Teresa. "É muito importante a implantação do Parque Areião para os estudantes do IFES que ficam alojados em Barracão e Santo Antônio. Assim como para os moradores locais, que não tem uma área de lazer como a desejada", lembra.
Itamar destaca que as margens do Santa Maria, no local onde estão propondo o parque, já foi utilizada pela comunidade décadas atrás, mas deixou de ser, após o beco de acesso ser fechado por uma moradora. "Ela diz que tem documento que permite o usufruto da área, mas nunca mostrou esse documento. Barracao é um lugar quente, precisa desse espaço à beira rio para os estudantes e a comunidade local não terem que se deslocar para tomar banho de cachoeira", acrescenta.
Veja imagem do local onde, segundo os moradores, o beco de acesso ao rio foi fechado por particular.
Por fim, Itamar destaca a necessidade de manutenção no penicão - que segundo ele é uma fossa coletiva. Antigamente o penicão era cercado por uma tela, agora nem isso tem. O equipamento está abandonado e de vez em quando transborda esgoto no rio Santa Maria. A nossa ideia é que o Parque ajude a revitalizar a área, com manutenção do penicão e reflorestamento das margens do rio com espécies nativas", detalha.
Passado e presente
Moradora de Barracão desde que nasceu há 70 anos, Maria de Lourdes Lucchi – a Balú - é uma das que defendem a criação do Parque Areião. “Vai ser muito bom, principalmente para as crianças e adolescentes. É um lugar que a gente usava muito para banho, pesca, lavar roupa. Hoje está sujo, abandonado. A passagem que ficava em frente a pracinha da igreja foi fechada por uma moradora, que diz ter documentos, mas nunca mostrou esses documentos”, afirma.
Outro entusiasta do Parque Areião é Geraldo Assis, que reside há 61 anos na localidade. “Vai ficar lindo ali abaixo da cachoeira, cuidando do rio, reflorestando. Nossos jovens ficam bebendo no bar, fumando na pracinha... têm problemas com polícia, atraem traficantes. Um local de esporte e lazer vai ajudar a reduzir isso”, avalia.
Assim como Ismael e Balú, Geraldo ressalta que é fundamental a reabertura do beco em frente a praça da igreja. “Ali, antigamente, era uma rua de acesso ao rio que todo mundo usava. Acho que tem uns 15 anos que foi fechado com muro por uma moradora”, completa.
Município tem outra mobilização por parque público
Além da proposta da comunidade de Barracão, há uma outra mobilização da sociedade civil em Santa Teresa por criação de parque público. Trata-se do Movimento Salve o Parque, que quer a retomada do terreno de 100 m2 doado pelo governo do ES, com anuência da Prefeitura, ao Sesc para que este último construa um hotel particular.
Além da devolução da área, o Movimento quer que seja implantado o Parque Temático Augusto Ruschi no local. O terreno, que tem remanescentes de Mata Atlântica, nascentes e um trecho do rio Timbuí, fica na sede do município ao lado da escola Ethevaldo Damazio. O caso foi judicializado por moradores e ativistas que não concordam com a doação da área ao Sesc. Há também um abaixo assinado feito pela comunidade teresense contra a doação e que pede a implantação do parque público na área. Entenda o caso nesta reportagem publicada em abril pelo Convergente.
Enquanto empresários inescrupulosos devastam enormes áreas da Mata Atlântica sob os "olhos" descuidados dos poderes competentes da Doce Terra dos Colibris, aos jovens, crianças e famílias teresenses é negado áreas de convivência em meio a natureza. Cidades inteligentes dispõe de parques ecológicos e parlamentares e executivo competentes sabem bem o quanto a qualidade de vida dos cidadãos é importante e dependem destas áreas verdes disponíveis e preparadas para seu uso. Chega de omissão política com as necessidades de lazer dos jovens e crianças que vivem em Santa Teresa. Cada distrito do município merece área natural de convivência.
Prefeitura de Santa Teresa
A reportagem procurou as Secretarias de Meio Ambiente e Esportes e Lazer da Prefeitura de Santa Tersa para saber se o muncípio pretende apoiar o projeto. Pediu, também, um posicionamento da Prefeitura a respeito da denúncia dos moradores a respeito do fechamento do beco que dá acesso ao Santa Maria do Rio Doce. Mas até o momento desta publicação não obteve retorno.
Caso a Prefeitura de Santa Teresa se manifeste posteriormente, esta publicação será atualizada.