Pé de Bode na ES261
Comemora o aniversário de dois anos da cratera.
“P*** que pariu! Pisa no freio, Zé! Veja em nossa frente o tamanho do buraco”. Já dizia a icônica música de Cézar e Paulinho que parece ter sido feita para a Rodovia ES261, nas proximidades da Praça Oito em Itarana/ES.
O buraco, ou melhor dizendo, a cratera que se abriu na localidade chama atenção não só pelo tamanho, mas também pelo tempo que a mesma permanece aberta causando constrangimento e perigo aos moradores que diariamente transitam ali. Evidencia o abandono da Região e desleixo por parte das autoridades estaduais, gerando protestos de Vereadores e lideranças locais que movimentaram as redes sociais celebrando com ironia, claro, o aniversário de dois anos da cratera.
Nada, absolutamente nada, justifica tamanha demora de tempo em se consertar o local que já vai para dois anos e, metaforicamente, se fosse uma criança, já estaria bem desenvolvida, gesticulando, brincando e formando frases. Uma pandemia, é bom dizer, não justifica a demora em reparar a Rodovia, muito menos a velha desculpa de "está em processo de licitação" - visto que os prazos na Lei de Licitações são bem mais modestos.
Na realidade, mais do que crítica, é uma constatação do reflexo do descaso e abandono com a região que engloba Laranja da Terra, Itarana e Itaguaçu. Negligência que moradores têm suportado das autoridades estaduais nos últimos anos. Uma região de gente digna, trabalhadora, braço agrícola do Espírito Santo, tratada com esquecimento e vista como um mero complemento eleitoral.
É sempre bom lembrar que, além de pagadores de caros impostos, na ES261 transitam diversos pacientes que varam madrugadas atrás de vagas em hospitais em Santa Teresa e na Grande Vitória, diversos caminhões de verduras produzidas por gente trabalhadora que enfrenta sol e chuva para colocar o alimento na mesa dos capixabas, dentre tantos outros brasileiros.
Não se pode olvidar, que os buracos nas rodovias além de fazerem aniversário, quando são tapados parecem sentir saudades do povo e voltam no ano seguinte em número e profundidade ainda maior do que no ano anterior. Entre a sede de Laranja da Terra e o distrito de Joatuba, na mesma ES 261 por exemplo, em um trecho de apenas 17 quilômetros foi possível se contar mais de 300 buracos, sendo inegável a revolta.
O momento de pandemia é delicado, mas como dito acima, nada justifica tamanho descaso. Ninguém está a pedir para se retirar dinheiro da saúde para tampar buracos de estrada. Está-se a pedir, além de respeito, eficiência e zelo com o dinheiro que é destinado justamente para manutenção de estradas que, bom lembrar, é público.
Gilsinho Gomes é advogado especialista em gestão pública. Ex-Presidente da Câmara de Laranja da Terra, cofundador da Associação de Câmaras Municipais do Espírito Santo, Idealizador do Movimento Jovens Pela Agricultura.