Pesquisa da USP revelou outro "vírus" do século
O século 21 já está marcado pela "pandemia" das Fake News
O século 21 já está marcado por uma outra pandemia, além da covid-19: é a "pandemia" das fake news, da disseminação de desinformação.
Como tratamos em dois artigos anteriores, ‘O Submundo da Criptografia’ e ‘Teoria da Conspiração? Os Infiltrados', o Brasil e o mundo estão sob risco de perder a estabilidade conquistada pela democracia. Precisamos desenvolver maior cuidado quando recebermos compartilhamentos com características tipicamente de fake news. Essas mensagens vêm de gabinetes especializados em fabricar e espalhar mentiras com intuito político e de poder, usando estratégia de domínio pelo medo e destruição do caráter dos concorrentes, e óbvio, esconder a verdadeira face maligna de quem querem promover.
Usando bots e perfis falsos, estas indústrias rapidamente espalham todo tipo de desinformação para incontáveis contatos em listas de transmissão. Estas mensagens ganham repercussão imediata, pois sugerem temas que impressionam e assustam seus receptores menos atentos. Por incrível que possa parecer não são os robôs que mais impulsionam essa rede "assassina". Os robôs alimentam as redes com as notícias e são os seres humanos que tratam de distribuir massivamente.
O jornal da USP publicou alguns artigos sobre a pesquisa 'Coronavírus – Manual das Fake News'. Destacamos abaixo dois parágrafos:
Um antídoto para nos imunizar minimamente contra as chamadas fake news é estimular o pensamento crítico, na busca de leituras comparativas, desconfiar, à primeira vista, daquilo que se vê, escuta, lê, enfim, desenvolver, criar possibilidades de a população procurar informações sérias, reais, comprovadas, baseadas na ciência e na verdade dos fatos.
Acontece que “as bolhas e, respectivamente, seus membros, têm suas preferências e conexões facilmente escaneadas”, estabelecem-se como uma forma de controle exercido pelas informações que concedemos pelo Facebook, pelo celular, pelos sites que acessamos, causando uma completa falta de privacidade do indivíduo que, dessa maneira, fica exposto a todo o tipo de manipulação. A pandemia veio agravar essa situação, pois evidenciou a “crise de confiança vivida por instituições como a imprensa e a ciência, entre outras”.
Com nossos dados e preferências pessoais sendo capturados por estas empresas virtuais ficamos expostos. E se estes dados forem violados e chegarem nas mãos de pessoas inescrupulosas, facilmente, nos tornarão alvos da indústrias de fake news.
É preciso que a sociedade cobre soluções para o problema. Qual o problema? As fake news são travestidas de verdade e imediatamente compartilhadas por quem as recebe. Em pouquíssimo tempo circulam todo o planeta. Elas não vêm com idenficação e nem datadas pelos mensageiros de envio, o que nos causa um problema maior ainda para identificar se a mensagem é verdadeira ou falsa. Sem saber a origem da mensagem, nem a data em que ela foi compartilhada a 1ª vez e muito menos o autor, os mensageiros nos tornam vítimas dos crimes cibernéticos. Não conhecer dados de origem é o problema e o desafio que que estes aplicativos precisam resolver.
Qual nossa sugestão para solução aos mensageiros? Mensageiros como Whatsapp, Signal, Telegram... Ele precisariam criar ferramentas para identificar para o receptor quem originou cada mensagem e quando. E uma opção para denunciar cada mensagem em específico.
Não se trata de tornar pública qualquer mensagem. É uma questão de proteger quem a está recebendo. Não será quebrado sigilo a não ser por livre e espontânea vontade de quem tiver recebido a informação criminosa.
Quem envia qualquer mensagem tem uma intenção, logo, precisa ser responsável pelo conteúdo que está enviando e para quem envia. Quem recebe tem o direito de saber quem é o autor e será corresponsável pela divulgação daquela mensagem, caso queira compartilhar. A data da primeira postagem também precisa estar discriminada, ser indicado quando ela foi publicada ou compartilhada na sua origem. Todos que compartilham uma informação por esses mensageiros criptografados precisam assumir suas responsabilidades ao distribuir conteúdo. Mensagens anônimas favorecem as mentiras que matam, que destroem reputações e deixam vulneráveis quem as recebe.
As fake news estão matando no Brasil, se não for no mesmo patamar da covid-19, estão colaborando com o vírus e com doenças relacionadas. Muitos dos que estão sendo contaminados, o estão por causa de fake news que receberam, como a do tratamento precoce, por exemplo, por causa de mentiras sobre a doença ser uma gripezinha, por causa de desinformação atacando veículos de imprensa tradicional, atacando a ciência e autoridades especialistas da pandemia...
Fake news tentam e conseguem manipular as pessoas contra a verdade e criam um desequilíbrio mental que levam algumas delas ao desespero e descrença total naquilo que as poderia salvar. Absurdos como de pessoas estarem sendo enterradas vivas, vídeos de negacionistas espalhados afirmando que essa doença não existe e seria uma conspiração e projeto de poder comunista. Algumas mentiras são absurdas, como o fato de usar máscara fazer mal à saúde, ou que a vacina injeta um chip para sermos dominardos ou, ainda, sobre ela nos transformar em zumbis. O desespero provocado artificialmente por essa estratégia maligna da desinformação impede que pessoas mais fracas vejam o óbvio.
São diversas fake news que estão favorecendo o vírus, ajudando o vírus a circular e acabando por matar muito mais. Qual a origem do problema no Brasil? Políticas negacionistas do governo federal e a disseminação das mentiras por redes de ódio especializadas.
Muitas dessas fake news geraram mortes por covid-19 no Brasil e isso é facilmente comprovado quando comparamos o que aconteceu em países desenvolvidos. Onde as pessoas pensam, analisam as mensagens, são mais críticas e onde os governos esclarecem a população com verdade, muitas vidas são poupadas. Nestes países o índice de mortes é muito inferior ao nosso país. Por tanto, nós podemos sim concluir que fake news estão ajudando o vírus a matar no Brasil. Além disso, diversos depoimentos de médicos e familiares populam a Internet sobre casos de infecção e morte por coronavírus decorrentes da crença das vítimas em mensagens enganosas.
Precisamos ter mais consciência daquilo quê distribuímos como notícia e muita sabedoria para analisar o quê recebemos. Nossos CTIs estão lotados de gente que tomou cloroquina, ivermectina e outros medicamentos que estão sendo receitados pela Internet como a cura, ou prevenção, da Covid-19. Estão morrendo muito mais pessoas no Brasil e o vírus se espalhando mais facilmente por causa das fake news.