Rodeada pelo poder, porém abandonada pelas autoridades
Dona Domingas, moldada pelo escultor Italiano Carlos Crepaz, professor da UFES nos anos 60
Essa é a triste realidade em que é lembrada a história de alguém que marcou gerações, e deixou um grande legado para a história do Espírito Santo, o nome dela é Dona Domingas.
Uma mulher negra, simples e humilde, moradora de periferia que via em meio aos restos de lixo, a única oportunidade de levar o sustento para dentro do seu lar, reciclando o que encontrava pelas ruas . Suas mãos calejadas, olhos caídos e o caminhar lento são os resultados de uma vida sofrida marcada por muitas lutas e persistência para sobreviver.
Rodeada por monumentos históricos, em meio a uma grande movimentação de pessoas, e o vaivém de carros e motos, ela está ali exatamente aos pés do Palácio do Governo do Espírito Santo, esquecida, abandonada sem sequer ter o próprio nome identificado em sua honrosa estátua que carrega uma história marcada pelo trabalho árduo, carregando em seus ombros frágeis o peso do sustento de sua família.
Felizmente esta história não ficará no esquecimento.
O advogado, escritor e biógrafo, Estêvão Zizzi, após uma pesquisa de mais de vinte anos, resgatou a história de vida de dona Domingas. A conhecida catadora de papelão que viveu no Espírito Santo até os 112 anos. Esculpida pelo escultor Italiano Carlos Crepaz, professor da UFES nos anos 60.
Nas palavras do escritor: “É um descaso! Todo e qualquer monumento tem uma história de vida. É lamentável que dona Domingas reconhecida como pioneira em reciclar o lixo, não tenha uma história de vida! “O mais paradoxal é uma sua estátua ao lado de um imponente Palácio largada ao descaso”.
O escritor deu ao título do livro “A Pietà do Lixo – Dona Domingas”, como forma de protesto. Simplesmente para chamar a atenção daqueles que não deram valor ao legado que dona Domingas nos deixou durante sua vida e nesses cinquenta anos que o monumento esteve ali, ao lado de um imponente Palácio, abandonado ao esquecimento na exata expressão: "Sei lá quem é!" "Padre Anchieta?" "São Benedito?" "Nossa Senhora da Penha, das Alegrias, dos Prazeres?"
Estevão ainda reforça: - Se temos a Pietà Vaticana, a Pietà Bandini, a Pietà Rondanini, a Pietà da Palestina, por que não, a nossa Pietà (Piedade) do Lixo? Do lixo, que dona Domingas se tornou a pioneira em reconhecer a importância de sua reciclagem ao separar o papelão, finalizou o escritor.
O livro Dona Domingas será lançado brevemente. Além do livro físico o escritor, também, o disponibilizará em formato digital.