Árvore Genealógica da Luta de Classes
Em tempos de Reforma Administrativa, um pouco de história ...
Meu bisavô, Lindolfo dos Santos, era escravo. Durante seus 49 anos de vida, trabalhou das quatro da manhã às sete da noite, executando todo tipo de tarefas de uma fazenda no sertão mineiro.
Lindolfo dos Santos trabalhava mais de quinze horas por dia; seis dias por semana. Folga, só nas tardes de domingo. Não recebia salário; nem férias; nem horas-extras e a aposentadoria era a morte.
Meu avô, Alexandrino dos Santos, nasceu livre, porém, nem por isso sua vida foi melhor. Trabalhava dez horas por dia; seis dias por semana; tinha o domingo de folga. Não tinha salário estipulado; sem férias nem horas-extras; sem direito à aposentadoria.
Meu pai, José dos Santos, foi funcionário da Fundição Ferro Brasil. Sua jornada de trabalho era de 45 horas semanais de acordo com as normas da CLT; contrato firmado na Carteira de Trabalho que lhe garantia o salário mínimo; direito às férias; décimo terceiro; horas-extras e aposentadoria por tempo de serviço.
Eu, Carlos Roberto dos Santos, trabalho na Cerâmica Massabarro como operador de máquinas pesadas. Minha jornada é de 40 horas semanais; folgo sábado e domingo; recebo horas-extras; décimo terceiro salário; salário-família; licença-paternidade; participação nos lucros da empresa; tíquet-alimentação; seguro desemprego; vale-transporte; férias e aposentadoria integral.
A realidade trabalhista na árvore genealógica da minha família mostra a evolução das relações patrão / empregado e o quanto a situação melhorou para o trabalhador. Todos esses benefícios não vieram gratuitamente. Para consegui-los, foi preciso muita luta e sangue derramado.
A Elite Dominante goza de todos os privilégios. Seus membros têm acesso à educação, à saúde, à justiça, ao lazer, às facilidades do sistema financeiro. Historicamente, toda a hierarquia política foi composta por seus pares que sempre ocuparam os maiores cargos.
Para a massa trabalhadora, que constitui o grosso da população, restam os cargos menores; o trabalho pesado e mal remunerado. Apesar de parecer normal, essa situação é o resultado de um plano maligno, elaborado e posto em prática há séculos, seja usando de ideologias pesadas, seja criando leis que dificultam a ascensão do proletariado.
E hoje estamos assistindo ao desmonte de tudo o que foi conquistado a duras penas pela classe trabalhadora a partir de 1888. O trabalhador brasileiro está retrocedendo e, caso não tome medidas drásticas, logo viverá nas mesmas condições que meu bisavô, Lindolfo dos Santos.